Abaixo seguem 3 textos complementares ao estudo sobre a Primeira República, boa leitura.
A REVOLTA DA VACINA
A Revolta da Vacina
Independentemente da intenção real de seus
promotores, a revolta começou em nome da legítima
defesa dos direitos civis. Despertou simpatia geral, permitindo a abertura de espaço momentâneo de livre e
ampla manifestação política, não mais limitada à estrita luta contra a vacina. Desabrocharam, então, várias
revoltas dentro da revolta. Caminhou a conspiração
militar – Centro das Classes Operárias, que buscava
derrubar o governo; os consumidores de serviços públicos acertaram velhas contas com as companhias; os
produtores mal pagos fizeram o mesmo com as fábricas; a classe popular dos aventurosos e belicosos, como
os chamou Vicente de Souza, retomou em dimensões
mais heroicas seu combate cotidiano com a polícia. E
todos os cidadãos desrespeitados acertaram as contas
com o governo.
Era a revolta fragmentada de uma sociedade fragmentada. De uma sociedade em que a escravidão impedira o desenvolvimento de forte tradição artesanal
e facilitara a criação de vasto setor proletário. A fragmentação social tinha como contrapartida política a
alienação quase completa da população em relação
ao sistema político que não lhe abria espaços. Havia,
no entanto, uma espécie de pacto informal, de entendimento implícito, sobre o que constituía legítima interferência do governo na vida das pessoas. Quando
parecia à população que os limites tinham sido ultrapassados, ela reagia por conta própria, por via de ação
direta. Os limites podiam ser ultrapassados seja no domínio material, como nos casos de criação ou aumento
de impostos, seja no domínio dos valores coletivos.
A Revolta da Vacina permanece como exemplo
quase único na história do país de movimento popular de êxito baseado na defesa do direito dos cidadãos
de não serem arbitrariamente tratados pelo governo.
Mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em
mudanças políticas imediatas além da interrupção da
vacinação, ela certamente deixou entre os que dela
participaram um sentimento profundo de orgulho e de
autoestima, passo importante na formação da cidadania. O repórter do jornal A Tribuna, falando a elementos
do povo sobre a revolta, ouviu de um preto acapoeirado
frases que bem expressavam a natureza da revolta e
este sentimento de orgulho.
Chamando o repórter de “cidadão”, o preto justificava a revolta: era para “não andarem dizendo que
o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada
mostrar que sabe morrer como homem!”. Para ele, a
vacinação em si não era importante – embora não admitisse de modo algum deixar os homens da higiene
meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante
era “mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”.
CARVALHO, José Murilo. Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a
República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
p.138-139.
Reflexão sobre a relação da República com os grupos
populares e vice-versa.
O pecado original da República
[…] De acordo com os dados do censo de 1920,
teremos uma população total, representada pelo círculo maior, de 30,6 milhões. Este é o povo do censo
que, pelo menos em tese, possuía direitos civis. Mas
quantos desses cidadãos civis eram também cidadãos
políticos, quantos pertenciam ao corpo político da nação? Para calcular esse número, temos primeiro que
deduzir do total os analfabetos, proibidos por lei de
votar. O analfabetismo, na época, atingia 75,5% da população. Feito o cálculo, restam 7,5 milhões. Depois, é
preciso descontar as mulheres. Embora a lei não lhes
negasse explicitamente o direito do voto, pela tradição
não votavam. Ficamos com 4,5 milhões. Os estrangeiros
também não tinham o direito do voto. Nosso número
cai para 3,9 milhões. Finalmente, os homens menores
de 21 anos também não votavam. Ficamos reduzidos
a míseros 2,4 milhões de brasileiros legalmente autorizados a participar do sistema político por meio do
voto. Ficam fora do sistema, excluídos, 28,2 milhões,
92% da população.
Se eram poucos os que podiam votar, menos ainda
eram os que de fato votavam. Nas eleições presidenciais de 1910, uma das poucas em que houve competição, disputando Rui Barbosa contra o marechal
Hermes da Fonseca, a abstenção foi de 40%. Os votantes
representaram apenas 2,7% da população. No Rio de
Janeiro, capital da República, onde 20% da população
estava apta a votar, compareceu às urnas menos de 1%.
Votar na capital era até mesmo perigoso devido à ação
dos capangas a serviço dos candidatos. Quem tinha
juízo ficava em casa. Como disse Lima Barreto de sua
República dos Bruzundangas: “[Os políticos] tinham
conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador – o voto”.
A eliminação do voto completava-se com a fraude. Ninguém
podia ter certeza de que seu voto seria contado a favor
do candidato certo.
Significa isso que o povo da Primeira República
não passava da carneirada dos currais eleitorais e da
massa apática dos excluídos? Seguramente que não.
Por fora do sistema legal de representação havia ação
política, muitas vezes violenta. Entre os poucos que
votavam, os que escolhiam não votar e os muitos que
não podiam votar, havia o que chamo de povo da rua,
isto é, a parcela da população que agia politicamente,
mas à margem do sistema político, e às vezes contra
ele. É difícil calcular o tamanho desse povo. Podemos
apenas surpreendê-lo em suas manifestações. E podemos também dizer que ele existia tanto nas cidades
como no campo.
Nas cidades, sobretudo nas maiores, a tradição de
protesto vinha de longe e manifestava-se o mais das
vezes nos quebra-quebras. Ela se intensificou a partir
da proclamação da República, atingindo o ponto máximo no protesto contra a vacinação obrigatória em 1904.
A novidade republicana ficou por conta do movimento
operário em fase de organização. Foram inúmeras as
greves que atingiram a capital da República e São Paulo,
além de outras capitais. Seu auge verificou-se durante
a Primeira Guerra Mundial e nos anos que a seguiram.
Calculou-se que 236 greves foram feitas na capital e
no estado de São Paulo entre 1917 e 1920, envolvendo
cerca de 300 mil operários. Em torno de 100 mil operários participaram da greve geral de 1917 no Rio de
Janeiro. Outra novidade republicana foi a participação
política dos militares, jovens oficiais e praças. A mais
conhecida e mais dramática dessas manifestações foi
a revolta dos marinheiros contra o uso da chibata, em
1910, em que se destacou o marinheiro João Cândido.
O efeito político das manifestações urbanas foi
limitado porque elas se davam fora dos mecanismos
formais de representação. O próprio movimento operário, na medida em que era orientado pelo anarcossindicalismo, sobretudo em São Paulo, fugia da participação eleitoral e nunca organizou um partido político
duradouro até que fosse fundado o Partido Comunista,
em 1922.
No mundo rural, foi igualmente intensa a participação do povo. Aí também havia uma longa tradição que foi intensificada pelas mudanças políticas
introduzidas pelo novo regime. As figuras centrais das
agitações rurais eram beatos e cangaceiros. O mais
dramático de todos esses movimentos, pelo número de
mortos, foi sem dúvida o de Antônio Conselheiro nos
sertões da Bahia. A seu modo, os beatos do Conselheiro
agiram politicamente, ao recusar o pagamento de impostos, ao rejeitar mudanças nas relações entre Igreja
e Estado. Lutando contra a “lei do cão” do novo regime,
os rudes sertanejos humilharam o Exército, que contra
eles lançou quatro expedições, e deram um exemplo
único em nossa história de fidelidade incondicional às
crenças adotadas.
Movimento semelhante ao de Canudos foi o do
Contestado, localizado em terras disputadas entre Paraná e Santa Catarina. O monge José Maria dera-lhe
início ainda no Império. Proclamada a República, seu
sucessor reagiu contra o que chamava de “lei da perversão”, o equivalente da “lei do cão” do Conselheiro.
A partir de 1911, outro sucessor de João Maria, José
Maria, lançou um manifesto monarquista e nomeou
imperador um fazendeiro analfabeto. Criou uma sociedade assemelhada ao comunismo primitivo, sem
dinheiro e sem comércio. Canudos e Contestado foram
combatidos e destruídos com violência pelo Exército,
que não hesitou em usar canhões contra sertanejos
pobremente armados.
No Ceará, padre Cícero organizou uma comunidade sertaneja que, à época de sua morte, em 1934,
contava 40 mil pessoas. Padre Cícero não contestava o
sistema, como o Conselheiro e José Maria. A seu modo,
agindo mais como coronel político, fundou uma República paternalista muito próxima da população. Manipulando valores tradicionais e colocando-os a serviço
da modernidade, reduziu a distância entre o legal e o
real, aproximou da população o poder. Alguns de seus
seguidores, como os beatos José Lourenço, Severino e
Senhorinho, fundaram comunidades radicais ao estilo
do Contestado. Padre Cícero entendeu-se com os poderes da República e foi tolerado. Os três beatos foram
massacrados juntamente com seus seguidores.
Os cangaceiros, frutos do mesmo meio social
que gerou os beatos, mantinham, como padre Cícero, contatos estreitos com os poderes da República.
Mas fugiam ao controle dos coronéis e dos governos
estaduais. Foram também combatidos sem trégua e
destruídos. Beatos e cangaceiros representavam formas
de organização e de reação construídas à margem do
sistema político. Canudos, Contestado, e mesmo o Juazeiro do padre Cícero, eram modelos alternativos de
República. Apesar de inviáveis por serem produtos do
isolamento geográfico e da imensa distância cultural
entre a população e o mundo oficial, essas Repúblicas
foram destruídas a ferro e fogo e só deixaram traços
na memória popular. A exceção foi Canudos, que foi
imortalizado por Euclides da Cunha, não por acaso um
intelectual estranho no ninho das elites.
O grosso do povo excluído era mantido sob controle pela própria organização social do mundo rural,
baseada na grande propriedade. O povo eleitoral era
enquadrado pelos mecanismos de cooptação e manipulação. O povo da rua era quase sempre tratado à
bala, nas cidades ou no campo.
Mas a República usou também métodos menos
violentos para lidar com seus excluídos. Produziu missionários do progresso que se puseram a catequizar os cidadãos incultos e tratar os doentes. Foram missionários do progresso Pereira Passos, reformador do Rio de
Janeiro, Osvaldo Cruz, saneador da cidade, Artur Neiva
e Belisário Pena, saneadores dos sertões. O maior de
todos eles, no entanto, foi o general Rondon, positivista
ortodoxo, que dedicou boa parte da vida à proteção
dos indígenas. Muito superiores pelos métodos aos
que destruíam pela força os movimentos populares,
esses missionários não estiveram imunes a uma visão
tecnocrática e autoritária. O povo para eles era massa
inerte e analfabeta a ser tratada, corrigida e civilizada.
De certo modo, eram messias leigos, com a diferença de
que não tinham o apoio popular dos messias do sertão.
A Primeira República, em seus 41 anos de existência, não fez jus às promessas da propaganda de
promover a ampliação da participação política, o autogoverno do povo. Não unificou os três povos, não
os incorporou. Não transformou em cidadãos o jeca
doente de Monteiro Lobato e dos higienistas, o áspero
sertanejo de Euclides, os beatos de Canudos e do Contestado, o bandido social do cangaço, o anarquista do
movimento operário.
A ausência de povo, eis o pecado original da República. Esse pecado deixou marcas profundas na vida
política do país. Quando, em meio à crise de nossos
dias, assistimos ao aumento da descrença nos partidos,
no Congresso, nos políticos, de que se trata se não da
incapacidade que demonstra até hoje a República de
produzir um governo representativo de seus cidadãos?
CARVALHO, José Murilo de. O pecado original da República. Revista
de Hist—ria. Disponível em: . Acesso em: 10 jul. 2018.
Sobre a relação da República com o movimento de
Canudos.
O arraial de Canudos e o silêncio do massacre
A República procurou converter Canudos num
grande exemplo: da barbárie contra a civilização; do
atraso contra a modernidade.
Faz 120 anos que ocorreu, no distante interior da
Bahia, um levante popular que invadiu a imaginação
dos brasileiros. Mais do que uma revolta isolada, Canudos anunciava a existência de muitos Brasis, no mesmo
Brasil, e o descobrimento dos “sertões”, que acabaram
virando metáfora ligeira para designar tudo o que não
se conhecia ou encontrava-se afastado da civilização
que a República inventou.
O fato é que, diferente da “modernidade” que os
novos tempos prometiam, estouraram, em várias regiões do país, movimentos sociais que combinavam a
questão agrária e a luta pela posse de terra com traços
fortemente religiosos. Levantes como Contestado, Juazeiro, Caldeirão, Pau-de-Colher e Canudos representaram o lugar do encontro entre a mística e a revolta;
um resultado pouco previsto do nosso processo de urbanização acelerada, e de desatenção com esse grande
contingente populacional. Abandonados por uma República que fazia da propriedade rural a principal fonte
do poder oligárquico, grupos de sertanejos buscaram
transpor o abismo que os separava da posse da terra,
teceram relações entre a história e o milenarismo, e
sonharam viver numa comunidade justa e harmônica.
E foi em 1896 que começou o conflito armado de
maior visibilidade da Primeira República, prontamente
transformado em bode expiatório nacional: um cancro
monarquista, diziam as elites reunidas na capital, e
muito distantes da mentalidade desses sertões. Já em
1897, com a missão de cobrir os acontecimentos para
“O Estado de São Paulo”, partiu convicto o jornalista Euclides da Cunha. Republicano de carteirinha, ele havia
embarcado para a Bahia com a certeza de que a República derrotaria rápido essa “horda desordenada de
fanáticos maltrapilhos”, acoitados num frágil arraial.
Descobriu, porém, totalmente atônito, uma guerra longa e misteriosa, um adversário com enorme disposição
para o combate, um refúgio sagrado, uma comunidade
organizada e uma terra desconhecida para ele e, aliás,
para boa parte da intelectualidade acastelada na cidade do Rio de Janeiro.
E foi justamente a partir do impacto profundo dessa descoberta, que Euclides mudou de ideia, e tornou-
-se um grande escritor. Em vez da certeza das teorias
deterministas – que condenavam a “terra dos sertões”
e “as raças dos sertanejos” – sua narrativa assumiu
um tom de denúncia. O jornalista fez muito mais que
uma reportagem de guerra: revelou o efeito das secas
na paisagem arruinada do sertão baiano e a devastação do meio ambiente produzida pelas queimadas
no semiárido nordestino; inscreveu na natureza uma
feição dramática capaz de projetar imagens de medo,
solidão, abandono; reconheceu no mundo sertanejo
uma marca do esquecimento secular e coletivo do país.
Lido alto, o trecho sobre a terra chega a sibilar, e conta
uma trajetória diferente e comum de devastação da
nossa natureza.
Em 1902 publicou “Os Sertões”, onde retomou a
história da guerra contra Canudos com um enfoque
ainda mais amplo. Euclides manteve porém o mesmo
tom de indignação. Responsabilizou a Igreja, a República, o governo baiano e o Exército pelo massacre.
Descreveu a guerra como um fratricídio, uma matança
entre irmãos, com direito à decapitação dos prisioneiros, o calvário dos resistentes dizimados por fome, sede,
doenças e pelos projéteis dos militares. Seu livro virou
monumento.
A partir de então a Guerra ou Campanha de Canudos – esse movimento sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro e que durou de 1896 a 1897 – ganhou o país. Com o passar do tempo, a região fora ocupada
por uma série de latifúndios decadentes, era assolada
por crises cíclicas de seca, e contava com milhares de
sertanejos que peregrinavam sem emprego pelo sertão
baiano. Fora apenas em 1893 que Conselheiro e seus
seguidores haviam chegado a Bom Conselho, na Bahia.
Ali assistiram a uma cobrança de impostos, que havia
aumentado muito com o advento da República, e, diante do povo reunido num dia de feira, arrancaram e queimaram os editais pregados nos muros do vilarejo. Foi o
suficiente para o governador do estado enviar soldados
para prender o beato e dissolver seu grupo. Mas nada
aconteceu como o previsto. Os policiais foram derrotados pelos sertanejos e a comunidade foi crescendo:
de 230 chegaram a 24 mil habitantes, tornando-se o
arraial de Belo Monte um dos mais populosos da Bahia.
Canudos incomodou a todos: era uma nova maneira de viver no sertão. É certo que o arraial não chegou a
representar uma forma de vida igualitária. Mas é certo
também que se tratava de uma experiência social e
política distinta: o trabalho no arraial baseava-se no
princípio de posse e uso coletivo da terra, e na distribuição do que nela se produzia. O resultado da produção era dividido entre o trabalhador e a comunidade,
a autoridade religiosa do Conselheiro não dependia
do reconhecimento da Igreja Católica, e Canudos não
estava submetido nem aos proprietários de terra nem
aos mandões locais. A República resolveu liquidar Canudos, enviando quatro expedições subsequentes. A
última delas alcançou a região em março de 1897 e era
composta de 421 oficiais e 6160 soldados armados até
os dentes. Em outubro de 1897, o Exército garantiu que
quem se rendesse sobreviveria. Mas o acordo não foi
cumprido, e muitos dos homens, mulheres e crianças
que se entregaram foram degolados. A foto de Flavio
de Barros foi tirada minutos antes da matança geral
e até hoje guarda as marcas da dor, do desespero e
do desatino nas expressões. Como se vê, lá estavam
sobretudo mulheres e crianças entregues às forças da
República. No dia 5 do mesmo mês o arraial foi invadido, queimado com querosene e dinamitado.
A República procurou converter Canudos num
grande exemplo: da barbárie contra a civilização; do
atraso contra a modernidade. O corpo de Antônio Conselheiro também fez parte da performance. Seu crânio
foi levado à capital, para que o médico Nina Rodrigues
e a ciência determinista da época dessem a última
palavra sobre “loucura e mestiçagem”. Havia mesmo
um abismo fundo entre as diferentes partes do país.
Talvez a melhor expressão desse descompasso esteja no desabafo de Euclides da Cunha, bem no final
de Os Sertões: “Fechemos este livro […] Esta página,
imaginamo-la sempre profundamente emocionante e
trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos. Vimos
como quem vinga uma montanha altíssima. No alto,
a par de uma perspectiva maior, a vertigem”. Enfim o
Brasil mostrava suas várias faces e a vertigem que ia
criando entre realidades tão distintas. Não por acaso,
nesse mesmo contexto, ganham fama chefes de bandos
armados como Antônio Silvino, Lampião e Antônio Dó;
personagens ambíguos, representativos de uma alternativa às relações de poder enraizadas na posse da
terra, mas que também reproduziam as antigas marcas da violência e do arbítrio da história brasileira. O
trecho de Euclides lembra o ensaio de Walter Benjamin
descrevendo o retorno das tropas na Segunda Guerra
Mundial. Vinham caladas, como se as palavras não
dessem conta de narrar o horror da morte, do massacre
e, no nosso caso, do descompasso entre a cidade e os
muitos sertões brasileiros.
Nova história; velha história!
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O arraial de Canudos e o silêncio do
massacre. Retirado de .
Acesso em: 9 jul. 2018.